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terça-feira, 5 de abril de 2011

Obras paralisadas por disputas trabalhistas em Rondônia

A construção da hidrelétrica de Santo Antônio está parada por causa de uma greve. E, em Jirau, maior projeto do país em construção, não há praticamente mais ninguém trabalhando.


Rondônia para mostrar a situação de duas obras do PAC que estão paradas.

Nos canteiros de obra, a equipe encontrou uma situação extremamente grave. São duas das maiores obras em andamento no país, dois canteiros gigantescos que estão paralisados.

A equipe do JN no Ar esteve nas duas obras. Em Santo Antônio, há uma greve. E, em Jirau, há uma paralisação, depois de um quebra quebra, há cerca de 15 dias.

Nesta quinta (31), a Justiça decidiu que Jirau pode voltar a funcionar a partir do dia 11 de abril, desde que cumpra algumas exigências, mas pode voltar a funcionar de maneira gradual. São obras importantíssimas do PAC, com uma concentração, por exemplo de quase 40 mil trabalhadores.

Essas duas usinas que estão em andamento podem, juntas, praticamente fornecer energia para todo o estado de São Paulo. A reportagem teve apoio da afiliada local, a TV Rondônia.

O voo levou pouco menos de 4 horas até Porto Velho. A equipe de sete pessoas chegou no meio da madrugada. Ao nascer do dia partiu em direção à Usina Hidrelétrica de Jirau, a 130 quilômetros da capital de Rondônia, no Rio Madeira.

Quando a equipe chegou lá, encontrou o cenário de um canteiro de obras fantasma. No maior projeto do país em construção, não há praticamente mais ninguém trabalhando. Só equipes de manutenção. Até o início desse mês, o local estava lotado com 22 mil trabalhadores de todo o país.

Os números confirmam o gigantismo da obra. Vai custar quase R$ 12 bilhões, consumir 146 mil toneladas de aço e gastar 15 milhões de sacos de cimento.

A disputa trabalhista que praticamente paralisou Jirau explodiu há duas semanas. As marcas da destruição ainda estão por toda parte. Os alojamentos de 22 mil trabalhadores foram completamente destruídos e só agora começam a ser refeitos. Sobra o que realmente aconteceu, o Ministério Público do Trabalho ainda está investigando. Há várias versões.

Alguns operários dizem que a revolta foi provocada por uma insatisfação com questões trabalhistas.

“As horas de todo mundo foram cortadas. Então todo mundo insatisfeito”, contou o operário
Elias Rodrigues Viana.

O Ministério Público do Trabalho ouviu as queixas depois do tumulto. “Cada trabalhador, individualmente, tinha alguma espécie de insatisfação. Um reclamava do tratamento do motorista de ônibus. Outros reclamavam da supressão de horas extras. Quer dizer, individualmente, cada um tinha uma razão”, explicou Francisco Cruz, do Ministério Público do Trabalho de RO.

A empresa diz que cumpre a lei trabalhista e que paga as horas extras de acordo com o máximo permitido. “Não havia nenhuma pauta trabalhista. O que aconteceu aqui foi o ataque de uma minoria isolada, que provocou um vandalismo e nós retiramos cerca de 8 mil funcionários desta usina, a pedido e por ordem da polícia do estado de Rondônia”, afirmou o diretor da Camargo Corrêa, Marcello D'Angelo.

A Força Nacional de Segurança chegou a Jirau dois dias depois da confusão e está patrulhando a região. “Não tem como a gente ter 22 mil homens trabalhando 24 horas numa cidade sem ter o aparato policial para fazer a segurança”, destacou o major Francisco Borges, da Força Nacional de Segurança.

Reivindicações trabalhistas também paralisaram a construção da hidrelétrica de Santo Antônio, outra grande obra de Rondônia. A Justiça decidiu multar o sindicato se os trabalhadores não voltarem ao trabalho.

Com a interrupção da construção de Jirau, cerca de 13 mil operários voltaram para casa em vários estados e vão aguardar o reinício das obras. Os que ficaram ainda não sabem quando voltam a trabalhar.

Funcionários da construtora Camargo Corrêa mostraram as instalações que não foram depredadas.

A equipe foi ao refeitório e entrou nos alojamentos coletivos, cada um para oito operários em beliches, com dois banheiros. Os trabalhadores com quem o Jornal Nacional conversou consideram as instalações de boa qualidade.

A promessa era de que Jirau entraria em operação em 2016, fornecendo energia para cerca de 10 milhões de casas brasileiras. A primeira turbina deveria começar a funcionar já no início do ano que vem, mas a paralisação das obras pode obrigar o consórcio a rever esse cronograma.

A construtora fala em pelo menos oito meses para voltar ao ritmo normal da obra. “Nós não queremos bagunça. A gente quer nossos direitos. Nós temos família para tomar conta, tem gente que não é daqui”, disse o operário José Maria.

Evanilson já trabalhou em outras barragens pelo Brasil e espera que os problemas sejam resolvidos para continuar participando de obras importantes para o país. “Até existir barragem eu sou barrageiro”, contou ele.

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